2 de out. de 2008

Coral

A coral-verdadeira, que pertence ao gênero Micrurus, não é apenas uma das mais belas serpentes, mas acima de tudo, uma das mais peçonhentas do mundo. No Brasil sua peçonha é considerada a mais tóxica. No Brasil foram identificadas até agora, 29 espécies de coral consideradas peçonhentas. As corais-verdadeiras respondem por 0,5% dos acidentes ofídicos em nosso país. Esse índice baixo tem algumas explicações: é uma serpente de hábito noturno e sai somente à noite para caçar, tem boca pequena com presas inoculadoras de peçonha muito pequenas; e um comportamento pacífico, atacando somente quando é importunada. De coloração vermelha, amarelo e preto; onde o amarelo é a cor predominante e o preto vindo junto do amarelo. Enquanto as falsas-corais têm coloração vermelho e preto como cores predominantes, com a coloração preta vindo junto do vermelho. Há um versinho nos EUA utilizado para ajudar na identificação da coral-verdadeira que diz: "black on yellow, kill a fellow; red on black, friend a jack" que traduzido significa: "amarelo junto ao preto mata o sujeito; mas vermelho junto do preto, amigo do peito." Esse é um verso que não deve ser levado à sério, pois há corais como a Micrurus frontalis e Micrurus lemniscatus que têm anéis pretos ligados a anéis vermelhos e são peçonhentas; fugindo, portanto, a regra. A coral-verdadeira é parente das najas asiáticas e africanas, portanto, pertencente à família Elapidae.

A peçonha tem ação neurotóxica e causa paralisia dos músculos intercostais. Os músculos ficam impossibilitados de se contrair durante a respiração e a vítima acaba morrendo por asfixia (parada respiratória).

Entre os principais sintomas causados por sua picada, destacam-se: salivação abundante, lacrimejamento, dificuldade da articulação das palavras, cansaço, dores musculares, tremores, perturbações visuais e morte.

É uma espécie ovípara (põe ovos), produzindo aproximadamente 6 filhotes em cada postura. O tamanho máximo atingido por uma coral fica em torno de 1,20 metros. Tem o hábito se esconder entre folhas, troncos ou debaixo de pedras. É uma serpente de hábitos noturnos. Quando ameaçada, levanta e enrola a cauda, desviando a atenção para as partes distantes da cabeça. Seus dentes pequenos não podem inocular peçonha em qualquer parte do corpo. Esse tipo de comportamento lhe rendeu a fama de picar com a cauda, o que não passa de lenda. Por se tratar de uma peçonha de ação rápida, o tratamento com o soro elapídico deve ser conduzido em regime de urgência.

Texto de: Antonio Alvez de Siqueira